Para muitas mães ter um parto normal após uma cesárea, significa fazer as
pazes consigo mesma.
Clínica Salvatore Meira
“O parto normal é possível após uma cesárea”
Artigo escrito por Krishna Tavares (krisproduc@estadao.com.br)
Diante da mudança de quem imaginou o parto vaginal durante noves
meses, muitas mãe se sentem frustradas, acreditando que foram incapazes
de parir o próprio filho. É preciso esfriar a cabeça e tentar entender os
motivos que justificam o parto cesárea. Muitas vezes, a intervenção
cirúrgica se faz necessária para preservar a vida do bebê e da mulher. Mas
isso só se justifica quando o risco de fato existe. Neste caso, a relação com o
obstetra deve ser de plena confiança e respeito mutuo.
Muitas mulheres se sentem menos mãe após um parto cesárea, o que não é
verdade. Caso a cesárea tenha sido inevitável, a mulher perceberá que a
maternidade não passa apenas pelo parto que podemos oferecer aos nossos
filhos. De qualquer forma, ter um parto cesárea na bagagem, não exclui a
possibilidade de ter um parto normal no futuro. Além de estabelecer uma
relação de confiança com o médico, a mulher deve participar ativamente de
sua gestação. O que significa, ter um dialogo aberto e franco com o obstetra,
buscar informações sobre todos os tipos de parto e ter a opinião de outros
profissionais.
Desejar um parto normal após uma cesárea, é algo totalmente normal e
possível. A mulher não deve se sentir “condenada” à cesárea em seus
próximos partos. O que deve ser feito é uma avaliação geral pelo seu
médico e por você. De qualquer forma, isso requer vontade interior de
ambas as partes e tranqüilidade para aceitar o imprevisível.
Os riscos do parto cesárea.
Segundo o ginecologista e obstetra Adailton Salvatore Meira, hoje em dia, o
parto cesárea se apresenta como uma cirurgia com muita segurança, rápida
e com baixa morbidade e mortalidade. Entretanto, “não deixa de ser uma
cirurgia, e de qualquer modo tem mais morbidade e mortalidade que um
parto normal, tanto para a mãe quanto para o bebê”, alerta ele. Para o
obstetra, só se deve recorrer a cesárea quando há riscos para a mãe e o bebê.
“O parto cesárea pode apresentar riscos de infeções, hemorragias, aumentar
a chance de placenta prévia em gestações subsequentes, dor na recuperação
pós-parto, etc.”, explica ele.
Em alguns casos, o parto cesárea se faz necessário. Por isso, para evitar a
avaliação precoce, é preciso que paciente e médico tenham calma para
decidir juntos o que deve ser feito em momento tão delicado. “O que tem
prevalecido em nosso meio é a cultura de que a cesariana é o melhor tipo de
parto. Sua prática pode ser melhor para o médico, que se programa para
agendar uma série de cesáreas no mesmo dia”, pontua, o ginecologista e
obstetra e membro do Corpo Clínico da Maternidade São Luiz, Claudio
Basbaum.
Segundo dados apresentados pelo Dr. Adailton Salvatore Meira, baseados
em um estudo realizado pela Universidade de Austin no Texas, em várias
cidades do Brasil, as gestantes preferem parto normal. A pesquisa
entrevistou 1136 mulheres em duas entrevistas na gravidez e uma depois
do parto, tanto de clientes do sistema público como de convênios
particulares.
A preferência por parto normal era semelhante nos dois grupos, entre 70% e
80%. Entretanto, a cesariana ocorreu em 31% dos casos no sistema público e
72% de convênios. Os entrevistadores se surpreenderam que muitas
cesarianas foram decididas antes mesmo da internação para o parto. Outro
dado revelador para o obstetra, é que as mulheres de classe A e B, ao
contrário do que os médicos afirmam, preferem o parto normal.
O ginecologista e obstetra Claudio Basbaum apresenta um quadro bastante
alarmante quanto a realidade dos partos no Brasil.
Dados obtidos da II Conferência Internacional sobre Humanização do Parto
e Nascimento, que aconteceu no Rio de Janeiro, em dezembro de 2005,
alertam que a situação da cesárea no Brasil continua muito preocupante.
Sua taxa alcança o índice de 40% nos hospitais do SUS (Sistema Único de
Saúde) e ultrapassa a casa de 90% nos hospitais particulares. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que o total de
cesareanas não poderia ultrapassar o limite de 15%.
Em 1916, um médico americano chamado Craigin baseado em seus estudos
sobre cesária e em função dos riscos que esse tipo de parto oferecia, afirmou
“once a section, always a section” (uma vez cesárea, sempre cesárea).
Naquela época, os procedimentos utilizados em um parto cesárea eram bem
diferentes dos utilizados atualmente. Os médicos faziam uma incisão
vertical no útero, a anestesia era geral e não existia antibióticos. “Muitos
médicos até hoje no século XXI repetem o dito de Craigin, e alguns nem
sequer discutem a possibilidade de um parto normal em uma segunda
gestação”, alerta Meira.
Para o Dr. Adailton, os dados científicos revelam que existem de fato a
possibilidade do parto normal após a cesárea, embora não haja um
consenso sobre a questão. “A chance varia entre 50% a 85%, em média 65%,
se a mulher entrar em trabalho de parto, o que também varia em torno de
70% de possibilidade. Matematicamente a chance existe, portanto!”, diz ele.
Entretanto, é preciso ter uma conversa franca sobre as possibilidades e
riscos que envolvem um parto normal após uma cesárea. “É preciso
respeitar alguns princípios médicos, uma vez que um útero já operado
apresenta uma área cicatricial que pode oferecer risco de romper durante o
trabalho de parto”, explica o obstetra Claudio Basbaum.
Outras fatores, tais como o peso do bebê, avaliação da estrutura óssea da
bacia da mulher e o tempo um ano entre um parto e outro, contribuem para
a não realização de uma outra cesárea. “É preciso avaliar quais foram as
condições do parto anterior, para que evitemos a 'cesárea encomendada',
sem indicação médica real”, diz Basbaum.
O obstetra Claudio Basbaum alerta que as pacientes já submetidas a uma
cesárea não devem ser submetidas a um indução antes de um ou dois anos
após o parto anterior, e apenas com uma substância chamada “ocitocina”.
Ter um parto normal após uma cesárea, é uma situação delicada que o
médico tem que enfrentar junto com a gestante. “O médico tem que lidar
com a expectativa de uma mulher, um projeto de vida, um plano, um
coração, uma esperança”, diz Meira
O desejo de ter uma parto normal é o primeiro passo, mas a gestante não
pode e nem deve ficar por aí. Além da força de vontade, a gestante deve
praticar exercícios, cuidar de sua alimentação e reservar um tempo em sua
rotina para o bebê. “Acima de tudo, a gestante precisa ter o espirito aberto
para a grande aventura do parto, e quem sabe outra cesariana, o que
importa é o processo e a participação”, orienta ele.
Muitas mulheres recorrem a uma cesárea para escapar do “sofrimento” do
parto normal. Entretanto a dor do parto é algo que pode é deve ser
trabalhado durante a gestação. Além disso, existe o recurso da anestesia,
que pode ser utilizado quando necessário.
Escolher o tipo de parto em função da dor, faz com que a gestante esqueça
de considerar o pós-parto sem dor. “A cesariana tem um pós-parto muito
mais desconfortável e arriscado. Também expõem o bebê a complicações
respiratórias por imaturidade pulmonar, por erro na avaliação do prazo
gestacional”, explica Basbaum.
Doulas (do grego “Mulher que serve”) são profissionais que trabalham com
gestantes e seus companheiros, da gestação ao pós-parto, oferecendo apoio
emocional e informações sobre tudo o que significa ser mãe e pai. “As
doulas não são médicas, não são parteiras e não são enfermeiras, são
acompanhantes da parturiente”, explica a doula Lucía Caldeiro e vicepresidente
da Associação Nacional de Doulas (Ando).
Esse apoio se manifesta em medidas de conforto como respiração,
relaxamento, banhos, palavras de acolhimento e apoio. Seu objetivo é
proporcionar a gestante um parto seguro, mais tranquilo, gratificante de
acordo com os limites da mãe.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a presença de
doulas durante a gestação e na hora do parto podem ajudar a diminuir a
realização de partos cesárea. “A doula pode auxiliar a gestante a testar os
limites de suas próprias capacidades e passar por dimensões possivelmente
ignoradas antes, contribuindo no fortalecimento na confiança de si mesma”,
afirma Lucía.
O parto da minha primeira filha foi um cesárea, o que me deixou
imensamente frustrada enquanto mulher, não enquanto mãe. Me preparei
desde do início da gestação. Fiz natação e hidroginástica, não engordei
muito e decidi, sem nenhuma possibilidade de mudança que meu parto
seria normal. No sétimo mês de gravidez, eu e meu marido constatamos
através do ultra-som, que a nossa pequena Yasmin estava sentada. Não
desanimei, continuei firme no meu projeto.
No final da gravidez, ela continuava sentada, então nesse momento a
obstetra decidiu marcar a cesárea, pois afirmava que seria impossível para
um bebê daquele tamanho virar (ela estava com 3.600kg). Eu não entraria
nem em trabalho de parto. Não consegui responder, e pedi alguns dias para
pensar. Insegura me deixei levar, e na hora do parto, quando ela abriu a
barriga, o meu bebê estava virado...
Cinco anos depois, engravidei da minha segunda filha. Me preparei da
mesma forma que a primeira. Apenas com três pequenas diferenças que
foram decisivas: um obstetra que abraçou de forma realista o meu projeto
de parto normal após um cesárea, uma doula que me ajudou a resgatar a
mulher que há em mim e tranqüilidade para aceitar o parto que fosse
possível apesar dos meus esforços. Conclusão: Helena nasceu de parto de
cócoras em menos de cinco horas e eu fiz as pazes comigo mesma. Mas essa
história não é uma regra, é apenas a minha história.
Consultores:
Lucia Caldeyra - pedagoga, psicodramatista, terapeuta corporal e doula, vicepresidente
da Associação Nacional de Doulas (Ando), membro da Rehuna (Rede
pela Humanização do Nascimento e do Parto). luciacaldeyro@superig.com.br
Adailton Salvatore Meira - ginecologista, obstetra e homeopata, membro da
comissão de coordenação da Rehuna Brasil (Rede pela Humanização do Nascimento
e do Parto). adailton@salvatoremeira.com.br
Claudio Basbaum – ginecologista e obstetra, introdutor do parto Leboyer no Brasil e
membro do Corpo Clínico da Maternidade São Luiz, em São Paulo.
ageimage@globo.com
Diante da mudança de quem imaginou o parto vaginal durante noves
meses, muitas mãe se sentem frustradas, acreditando que foram incapazes
de parir o próprio filho. É preciso esfriar a cabeça e tentar entender os
motivos que justificam o parto cesárea. Muitas vezes, a intervenção
cirúrgica se faz necessária para preservar a vida do bebê e da mulher. Mas
isso só se justifica quando o risco de fato existe. Neste caso, a relação com o
obstetra deve ser de plena confiança e respeito mutuo.
Muitas mulheres se sentem menos mãe após um parto cesárea, o que não é
verdade. Caso a cesárea tenha sido inevitável, a mulher perceberá que a
maternidade não passa apenas pelo parto que podemos oferecer aos nossos
filhos. De qualquer forma, ter um parto cesárea na bagagem, não exclui a
possibilidade de ter um parto normal no futuro. Além de estabelecer uma
relação de confiança com o médico, a mulher deve participar ativamente de
sua gestação. O que significa, ter um dialogo aberto e franco com o obstetra,
buscar informações sobre todos os tipos de parto e ter a opinião de outros
profissionais.
Desejar um parto normal após uma cesárea, é algo totalmente normal e
possível. A mulher não deve se sentir “condenada” à cesárea em seus
próximos partos. O que deve ser feito é uma avaliação geral pelo seu
médico e por você. De qualquer forma, isso requer vontade interior de
ambas as partes e tranqüilidade para aceitar o imprevisível.
Os riscos do parto cesárea.
Segundo o ginecologista e obstetra Adailton Salvatore Meira, hoje em dia, o
parto cesárea se apresenta como uma cirurgia com muita segurança, rápida
e com baixa morbidade e mortalidade. Entretanto, “não deixa de ser uma
cirurgia, e de qualquer modo tem mais morbidade e mortalidade que um
parto normal, tanto para a mãe quanto para o bebê”, alerta ele. Para o
obstetra, só se deve recorrer a cesárea quando há riscos para a mãe e o bebê.
“O parto cesárea pode apresentar riscos de infeções, hemorragias, aumentar
a chance de placenta prévia em gestações subsequentes, dor na recuperação
pós-parto, etc.”, explica ele.
Em alguns casos, o parto cesárea se faz necessário. Por isso, para evitar a
avaliação precoce, é preciso que paciente e médico tenham calma para
decidir juntos o que deve ser feito em momento tão delicado. “O que tem
prevalecido em nosso meio é a cultura de que a cesariana é o melhor tipo de
parto. Sua prática pode ser melhor para o médico, que se programa para
agendar uma série de cesáreas no mesmo dia”, pontua, o ginecologista e
obstetra e membro do Corpo Clínico da Maternidade São Luiz, Claudio
Basbaum.
Elas preferem parto normal
Segundo dados apresentados pelo Dr. Adailton Salvatore Meira, baseados
em um estudo realizado pela Universidade de Austin no Texas, em várias
cidades do Brasil, as gestantes preferem parto normal. A pesquisa
entrevistou 1136 mulheres em duas entrevistas na gravidez e uma depois
do parto, tanto de clientes do sistema público como de convênios
particulares.
A preferência por parto normal era semelhante nos dois grupos, entre 70% e
80%. Entretanto, a cesariana ocorreu em 31% dos casos no sistema público e
72% de convênios. Os entrevistadores se surpreenderam que muitas
cesarianas foram decididas antes mesmo da internação para o parto. Outro
dado revelador para o obstetra, é que as mulheres de classe A e B, ao
contrário do que os médicos afirmam, preferem o parto normal.
Dados preocupantes
O ginecologista e obstetra Claudio Basbaum apresenta um quadro bastante
alarmante quanto a realidade dos partos no Brasil.
Dados obtidos da II Conferência Internacional sobre Humanização do Parto
e Nascimento, que aconteceu no Rio de Janeiro, em dezembro de 2005,
alertam que a situação da cesárea no Brasil continua muito preocupante.
Sua taxa alcança o índice de 40% nos hospitais do SUS (Sistema Único de
Saúde) e ultrapassa a casa de 90% nos hospitais particulares. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que o total de
cesareanas não poderia ultrapassar o limite de 15%.
Uma vez cesárea, sempre cesárea?
Em 1916, um médico americano chamado Craigin baseado em seus estudos
sobre cesária e em função dos riscos que esse tipo de parto oferecia, afirmou
“once a section, always a section” (uma vez cesárea, sempre cesárea).
Naquela época, os procedimentos utilizados em um parto cesárea eram bem
diferentes dos utilizados atualmente. Os médicos faziam uma incisão
vertical no útero, a anestesia era geral e não existia antibióticos. “Muitos
médicos até hoje no século XXI repetem o dito de Craigin, e alguns nem
sequer discutem a possibilidade de um parto normal em uma segunda
gestação”, alerta Meira.
Para o Dr. Adailton, os dados científicos revelam que existem de fato a
possibilidade do parto normal após a cesárea, embora não haja um
consenso sobre a questão. “A chance varia entre 50% a 85%, em média 65%,
se a mulher entrar em trabalho de parto, o que também varia em torno de
70% de possibilidade. Matematicamente a chance existe, portanto!”, diz ele.
Entretanto, é preciso ter uma conversa franca sobre as possibilidades e
riscos que envolvem um parto normal após uma cesárea. “É preciso
respeitar alguns princípios médicos, uma vez que um útero já operado
apresenta uma área cicatricial que pode oferecer risco de romper durante o
trabalho de parto”, explica o obstetra Claudio Basbaum.
Outras fatores, tais como o peso do bebê, avaliação da estrutura óssea da
bacia da mulher e o tempo um ano entre um parto e outro, contribuem para
a não realização de uma outra cesárea. “É preciso avaliar quais foram as
condições do parto anterior, para que evitemos a 'cesárea encomendada',
sem indicação médica real”, diz Basbaum.
O obstetra Claudio Basbaum alerta que as pacientes já submetidas a uma
cesárea não devem ser submetidas a um indução antes de um ou dois anos
após o parto anterior, e apenas com uma substância chamada “ocitocina”.
É preciso participar
Ter um parto normal após uma cesárea, é uma situação delicada que o
médico tem que enfrentar junto com a gestante. “O médico tem que lidar
com a expectativa de uma mulher, um projeto de vida, um plano, um
coração, uma esperança”, diz Meira
O desejo de ter uma parto normal é o primeiro passo, mas a gestante não
pode e nem deve ficar por aí. Além da força de vontade, a gestante deve
praticar exercícios, cuidar de sua alimentação e reservar um tempo em sua
rotina para o bebê. “Acima de tudo, a gestante precisa ter o espirito aberto
para a grande aventura do parto, e quem sabe outra cesariana, o que
importa é o processo e a participação”, orienta ele.
Dor no parto, como superar?
Muitas mulheres recorrem a uma cesárea para escapar do “sofrimento” do
parto normal. Entretanto a dor do parto é algo que pode é deve ser
trabalhado durante a gestação. Além disso, existe o recurso da anestesia,
que pode ser utilizado quando necessário.
Escolher o tipo de parto em função da dor, faz com que a gestante esqueça
de considerar o pós-parto sem dor. “A cesariana tem um pós-parto muito
mais desconfortável e arriscado. Também expõem o bebê a complicações
respiratórias por imaturidade pulmonar, por erro na avaliação do prazo
gestacional”, explica Basbaum.
Doulas fazem bem!
Doulas (do grego “Mulher que serve”) são profissionais que trabalham com
gestantes e seus companheiros, da gestação ao pós-parto, oferecendo apoio
emocional e informações sobre tudo o que significa ser mãe e pai. “As
doulas não são médicas, não são parteiras e não são enfermeiras, são
acompanhantes da parturiente”, explica a doula Lucía Caldeiro e vicepresidente
da Associação Nacional de Doulas (Ando).
Esse apoio se manifesta em medidas de conforto como respiração,
relaxamento, banhos, palavras de acolhimento e apoio. Seu objetivo é
proporcionar a gestante um parto seguro, mais tranquilo, gratificante de
acordo com os limites da mãe.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a presença de
doulas durante a gestação e na hora do parto podem ajudar a diminuir a
realização de partos cesárea. “A doula pode auxiliar a gestante a testar os
limites de suas próprias capacidades e passar por dimensões possivelmente
ignoradas antes, contribuindo no fortalecimento na confiança de si mesma”,
afirma Lucía.
Parto que cura (depoimento da repórter)
O parto da minha primeira filha foi um cesárea, o que me deixou
imensamente frustrada enquanto mulher, não enquanto mãe. Me preparei
desde do início da gestação. Fiz natação e hidroginástica, não engordei
muito e decidi, sem nenhuma possibilidade de mudança que meu parto
seria normal. No sétimo mês de gravidez, eu e meu marido constatamos
através do ultra-som, que a nossa pequena Yasmin estava sentada. Não
desanimei, continuei firme no meu projeto.
No final da gravidez, ela continuava sentada, então nesse momento a
obstetra decidiu marcar a cesárea, pois afirmava que seria impossível para
um bebê daquele tamanho virar (ela estava com 3.600kg). Eu não entraria
nem em trabalho de parto. Não consegui responder, e pedi alguns dias para
pensar. Insegura me deixei levar, e na hora do parto, quando ela abriu a
barriga, o meu bebê estava virado...
Cinco anos depois, engravidei da minha segunda filha. Me preparei da
mesma forma que a primeira. Apenas com três pequenas diferenças que
foram decisivas: um obstetra que abraçou de forma realista o meu projeto
de parto normal após um cesárea, uma doula que me ajudou a resgatar a
mulher que há em mim e tranqüilidade para aceitar o parto que fosse
possível apesar dos meus esforços. Conclusão: Helena nasceu de parto de
cócoras em menos de cinco horas e eu fiz as pazes comigo mesma. Mas essa
história não é uma regra, é apenas a minha história.
Consultores:
Lucia Caldeyra - pedagoga, psicodramatista, terapeuta corporal e doula, vicepresidente
da Associação Nacional de Doulas (Ando), membro da Rehuna (Rede
pela Humanização do Nascimento e do Parto). luciacaldeyro@superig.com.br
Adailton Salvatore Meira - ginecologista, obstetra e homeopata, membro da
comissão de coordenação da Rehuna Brasil (Rede pela Humanização do Nascimento
e do Parto). adailton@salvatoremeira.com.br
Claudio Basbaum – ginecologista e obstetra, introdutor do parto Leboyer no Brasil e
membro do Corpo Clínico da Maternidade São Luiz, em São Paulo.
ageimage@globo.com
Fonte: MamaMia