Mídia informativa ou desserviço ao consumidor?

No dia 23 de setembro, a Carinho & Aconchego foi contactada pela produção da Revista Crescer para que enviássemos alguns slings pois, como informado pela produtora, estavam com "uma pauta só com slings para revista CRESCER, edição novembro. Vamos fotografar vários tipos e gostariamos de receber alguns modelos de vocês". Palavras tiradas do e-mail recebido.

Já conhecendo algumas matérias e vídeos bem legais produzidos pela revista sobre o assunto e acreditando na boa apuração, até mesmo por ser uma grande formadora de opinião no país, enviamos três slings escolhidos a dedo para ilustrar a dita matéria.

Aproveitamos que estávamos, juntamente com os membros da Associação Babywearing Brasil, comemorando a Semana  Nacional de Incentivo ao Sling 2011 e sugerimos conhecer melhor o que seria o sling, como usar, os tipos de carregadores de bebês. Passamos várias informações sobre slings e carregadores e ainda respondemos o seguinte questionário:

"1º Gostaria de saber qual o valor,  se vocês vendem para todo Brasil e se o valor do frete já está incluso?
2º Preciso de um contato telefônico, vou usar esse telefone para informar aos leitores onde encontrar.
3º Podem ser usados com crianças até quantos anos e quantos quilos suporta?
4º Como faz para arrumar no corpo da mãe, qual o jeito certo de usá-lo?
5º Dos três que nos enviaram, qual o tamanho deles? Existemdiferenças? P, M ou G?
6º Qual a forma de limpeza, pode ser lavado na máquina?
7º Qual o tipo de tecido?
8º Qual a medida? Quantos centímetros têm?"

As perguntas foram respondidas com o maior cuidado para não ter erro em sair informações erradas na matéria.

Juntamente com o questionário, enviamos estudos de profissionais conceituados como da Dra. Jucille Meneses, pediatra do departamento científico de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, do Dr. William Sears, pediatra americano autor de mais de 40 livros, entusiasta dos carregadores de bebês e responsável pelo termo "babywearing" e da fisioterapeuta do Hospital Distrital do Pombal, Portugal, Natália Martins, estudiosa sobre os benefícios do sling no tratamento da displasia de desenvolvimento do quadril (um defeito na articulação do quadril em que a cabeça do fêmur não se encontra corretamente colocada na respectiva cavidade).

Ainda assim, a notinha (acabou não saindo uma matéria) usou o termo SLING para falar dos cangurus convencionais. Não há outra coisa a se pensar já que as informações contidas nela não condizem com os slings.

Portanto, vamos lá corrigir o que saiu na Revista Crescer!



Revista: "O produto é indicado a partir dos quatro meses e você pode usa-lo até seu filho completar 1 ano e 6 meses".

Estudo do caso: Se estivessem falando do canguru tradicional, a resposta estaria certa.
Anne levando Carol, 2 meses (Belém/PA)
Porém, falando em sling, ele pode ser usado desde recém nascido pois, como dá para levar a criança em várias posições, até quatro meses ou até o bebê estar com a cabeça mais fime, a pessoa pode levar a criança deitada na diagonal. Desta maneira, o próprio sling apoia a cabecinha do bebê.
O sling existe para favorecer e aumentar o contato entre o adulto e o bebê e, se existe contato, logicamente o adulto estará observando o comportamento da criança. Isto acontece naturalmente.
Assim como o sling é recomendado desde o nascimento, também existe o MÉTODO MÃE CANGURU orientado pelo Ministério da Saúde e utilizado em hospitais do mundo todo em bebês prematuros!
O Método Mãe Canguru foi inspirado na maneira mais ancestral de se carregar bebês em praticamente todas as civilizações primitivas da antiguidade e em diversas tribos contemporâneas. Cultura até hoje comum em vários países. Fazendo parte da rotina das pessoas carregar seus bebezinhos em panos enrolados ao corpo.
Hoje, este costume está sendo promovido pela popularização dos carregadores de pano e, fazendo parte do consumismo, tornou-se um modismo. Com isso, surgiram os carregadores industrializados, muitas vezes confundidos com slings.
Roberta da Fonte com Arthur, 3 anos e 10 meses.

Mas, então, o que é sling? Sling é um "pedaço de pano", geralmente, e preferencialmente, 100% algodão que se usa "amarrado" ao corpo (seja por nó, costurado, preso por velcro ou argolas apropriadas, testadas e resistentes) para levar bebês desde o nascimento até 20kg ou até quando a pessoa que o leva suporta. Este tempo divulgado pela revista é tão aleatório que não leva sequer em conta que algumas crianças chegam aos três anos de idade com o mesmo peso que outras atingem aos dois anos ou menos. Ou seja, o limite não é a idade, e sim o peso da criança e se quem a leva suporta carregá-la de maneira confortável.

Revista: "Atenção à temperatura".

Estudo do caso: Todo o sling é confeccionado em tecido leve, 100% algodão e antialérgico. Bebês sentem calor naturalmente e algumas mães, mesmo em dias quentes, colocam 2 camadas de roupa no bebê. Se você sente calor, o bebê também sentirá. A reportagem deveria ter orientado o adulto a evitar o uso excessivo de roupas na criança. Bebês transpiram no colo, no berço, no carrinho e no sling também. Em dias mais quentes, procure deixar seu bebê com roupas leves.

Revista: "Não use por muito tempo por que o peso da criança está distribuído em apenas um dos ombros, o que pode causar dores musculares. Por isso, troque o produto de lado de vez em quando para não sobrecarregar apenas um dos ombros. Já a posição em que a criança fica força os quadris e as costas provocando desconforto nela."

Estudo do caso: Nem podemos afirmar que os especialistas informaram errado, por que não sabemos se foi realmente isso que eles disseram. Afinal, esta última colocação a respeito do desconforto da criança nos quadris e nas costas, citada na última frase, cabe aos cangurus e não aos slings. Especialistas atualizados já sabem que o sling previne problemas nos quadris da criança (displasia de quadril), e respeita a anatomia da coluna do bebê.
Quanto a trocar de ombro de vez em quando, foi uma dica boa. É bom fazer isso, sim! Mas a reportagem não informa neste momento que existem carregadores que distribuem o peso nos 2 ombros e, por sinal, estão fotografados "ilustrando" (fotografar tecidos dobrados não traz informação alguma aos leitores) a notinha.
Portanto, use o sling pelo tempo necessário! Mesmo os que apoiam em um dos ombros permitem uma postura melhor do que quando se leva o bebê nos braços. Ao contrário dos cangurus que deixam as perninhas dos bebês penduradas pela virilha, o sling é ergonômico e permite que a criança fique sentada como em uma rede.

Valem ainda outras avaliações:

  • Qual a intenção da matéria? Se era informativa sobre alguns modelos de sling, no mínimo mercia ser ilustrada com os carregadores em uso ou, pelo menos, abertos e não dobrados como pedaços de tecidos à venda. 
  • Os preços publicados junto às fotos deveriam servir de referência, porém, ao nos contactarem, perguntaram os valores individuais dos slings e não a média deles (o que deveria ter acontecido, já que a intenção não era mostrar O sling, mas O preço cobrado por cada fabricante). O valor publicado condiz com o sling que "ilustra" a revista, porém, não é citado que este preço deve-se ao fato de ser um sling completamente customizado e tripla face (3 em 1) como segue abaixo:
Carregando...
Jardim Customizado (3 em 1)

  • Perderam uma ótima oportunidade de falar sobre os benefícios do sling, os tipos de carregadores, os cuidados que se deve ter ao escolher um bom fabricante, o tecido ideal, as matérias primas empregadas, a maneira certa de vestir, as posições adequadas a cada idade e tantos outros assuntos pertinentes e informativos sobre sling.
Para complementar esta postagem, vamos colocar um estudo que fala dos benefícios do sling para pais e bebês.

Os Bebês que são carregados…

- Choram menos! (43% menos no total e 54% menos durante as horas do dia) *1
- São mais saudáveis! (ganham peso mais rápido, tem melhor habilidade motora, coordenação, maior tonificação muscular e senso de equilíbrio) *2
- Tem uma melhor visão do mundo! (bebês em carrinhos vêem o mundo à altura dos joelhos de um adulto)
- Dá mais segurança . O bebê tem acesso à comida, calor e amor.
- Ganham independência mais rapidamente! *3
- Dormem melhor! (mais rapidamente e por períodos mais longos) *3
- Aprendem mais! (estimulados, mais calmos e alertas. Observam e participam do mundo ao seu redor) *3
- São mais felizes! (se sentem mais amados e seguros) *4

Benefícios para você

Carregar seu bebê…
- Com tantos fatores físicos e emocionais se desenvolvendo rapidamente, o sling contribui imensamente estreitando o vínculo entre pai/mãe/bebê, melhorando a comunicação entre eles e gerando mais segurança e compreensão das necessidades do bebê. Nele você sente os batimentos cardíacos do seu filho, observa a respiração, sabe se ele está bem e pode atender com mais rapidez alguma necessidade.
- Cria pais mais auto-confiantes. Não há nada melhor que ter um bebê calmo e contente por você entender e atender suas necessidades.
- É conveniente . Não há incomodidades nem complicações como ter que carregar um bebê-conforto num braço e o bebê no outro.
- Facilita a locomoção. Você pode caminhar por calçadas e terrenos irregulares, ruelas estreitas, subir e descer escadas, entrar a locais com muita gente sem bater em ninguém com o carrinho, etc.
- É saudável para você. Permite você sair para caminhar e respirar ar puro!
- Amamentação discreta sem necessidade de buscar um lugar apropriado para sentar.
- Permite você interagir com outras crianças ou filhos e ainda assim manter seu bebê perto e seguro.
- Mãe e bebê podem sair de casa juntos! Você pode ir a qualquer lugar com seu bebê seguro e acolhido.
- Suas mãos estão livres. Você pode fazer compras, caminhar, passear, ler um livro, brincar com o seu filho maior ou ainda sair para um lindo almoço na cidade.
- É a solução natural para o sono do bebê. Você acalma e agrada seu bebê com seu calor, sua voz, seus movimentos e o batimento de seu coração.

Referências:
*1. Hunziker, U. A. and Barr, R, G. (1986).
“Increased carrying reduces infant crying: a randomized controlled trial”.
Pediatrics, 77, 641-8.
*2. “Current knowledge about skin-to-skin (kangaroo) care for pre-term
infants”. J Perinatol. 1991 Sep11: The Importance of Skin to Skin Contact.
*3. Whiting, J. W. M. (1981). Environmental constraints on infant care practices.
In R. H. Munroe,
R. L. Munroe & B. B. Whiting (Eds.), Handbook of cross-cultural human
development, New York: Garland STPM Press.
*4. Powell, A.”Harvard Researchers Say Children Need Touching and Attention”,
Harvard Gazette

Palavra de Especialistas:

Pediatra

Dra. Keiko Teruya - Resguardar o bebê é importante, principalmente nos primeiros meses de vida afirma a pediatra santista Keiko Miyasa Teruya. “O uso desse tipo de carregador traz muitas vantagens tanto para o bebê quanto para os pais. Sendo carregada no sling, a criança não fica tão exposta e acaba mais protegida das infecções. O produto também traz outros benefícios para a saúde do bebê, ele é ótimo usado com pequenos que sofrem de cólicas e refluxo gastroesofágico (condição em que o conteúdo ácido do estômago é regurgitado, podendo causar dor de garganta, sufocamento, engasgos, tosse e outros problemas de saúde)”, revela a médica.
Para combater as dores de barriga comuns nos primeiros três meses de vida, os pediatras aconselham a colocar o corpinho do bebê junto ao corpo da mãe (ou pai), um de frente para o outro. O calor do corpo esquenta a barriguinha do pequeno, diminuindo as cólicas. Já em situações em que o menor sofre de refluxo a indicação é que os pais mantenham o bebê parcialmente na vertical, especialmente quando estiver mamando, ajudando a diminuir o refluxo. E nisso o sling é um grande aliado, pois colocando o filho na posição vertical dentro do carregador após cada mamada, melhorará a digestão do bebê, minimizando o problema.
Drª Keiko enfatiza, ainda, a importância do contato direto que os pais mantêm com os filhos dentro dos carregadores. “A criança fica nove meses em contato direto com a mãe. Quando nasce esse contato pode ser prolongado por meio do sling e o aconchego junto ao corpo materno é importante, pois o toque tem um papel fundamental na vida das pessoas. Estudos revelam que o contato pele com pele contribui com o desenvolvimento emocional do bebê, que tem a sensação de apoio e companhia, tornando-se uma criança mais calma”. A médica lembra, também, o quanto o sling tem sido importante dentro dos berçários de hospitais. “Há 18 anos que maternidades na Baixada Santista têm salvado vidas usando a técnica de carregar o bebê prematuro”, conta. Chamado Mãe Canguru esse método tem sido usado em maternidades brasileiras há mais de 30 anos, ganhando o reconhecido pelo Ministério da Saúde como política fundamental de atenção ao recém-nascido prematuro.

Dr. William Sears - Nos Estados Unidos, o pediatra, autor de mais de 40 livros, é um dos entusiastas dos carregadores e o responsável por cunhar o termo “babywearing” (algo como “vestir o bebê”). De acordo com ele, os bebês “slingados” choram menos, aprendem mais e são mais espertos.

Dra. Jucille Meneses - No Brasil, a pediatra do departamento científico de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria cita outras vantagens da rede: mantém as pernas do bebê unidas e não altera o desenvolvimento do quadril, o que pode ocorrer com o uso contínuo da mochila e de modelos tipo cadeirinha. “Algumas pessoas podem se questionar se o carregador aumenta a curvatura da coluna vertebral do bebê, mas isso não ocorre. Ele não leva a vícios de posição”, completa. (matéria da Folha Equilíbrio)

Neonatologista

Carlos Eduardo Correa - O neonatologista é um dos defensores do sling e costuma apresentar o acessório a todas as pacientes. O médico conta que sempre teve interesse nas formas que os diferentes povos têm para carregar as crianças, sobretudo os bebês. A principal vantagem do acessório, acredita o médico, é trazer a mulher de volta à ativa. “A falta de mobilidade enquanto amamenta é uma das principais causas do desmame, e o sling devolve essa liberdade. Muitas pacientes já aprendem a dar de mamar usando o sling”, diz. Correa ainda ressalta a aproximação entre mãe e filho que o acessório proporciona, principalmente nos primeiros dias de vida. “O bebê fica em contato direto com a mãe e não esquecido no carrinho. Não existe mimar criança com menos de 6 meses, não tem isso de ela ficar mal acostumada”, defende.(matéria do G1)
FONTE: www.g1.globo.com

Urologista e estudioso do comportamento humano

Carlos Bayma - O urologista responsável pelo setor de uroneurologia do Hospital Esperança e autodidata em física quântica e metafísica da saúde, afirma "Crianças de colo precisam de contato, carinho e segurança. Uma mãe próxima faz isso. Ao olhar uma criança recém-nascida, tem que se fazer isso de perto, a 15 ou 20 cm de seu rosto, pois, só assim, ela identificará e seu rosto ficará registrado, gravado". Segundo o médico, os carrinhos de bebê, mesmo aqueles que permitem que o bebê fique voltado para quem o conduz, dificultam uma das formas básicas de criar vínculos entre pais/mães e filhos(as): o contato aconchegante. Para ele, um bebê num carrinho, mesmo que virado para a mãe/o pai, está muito longe para ver quem o conduz, pois ainda enxerga imagns borradas. De perto, não: vê tudo. E para isso, ele sugere o uso do sling. Acessório que existe desde que a espécie humana tomou consciência de si mesma.
FONTE: Dr. Bayma
Fisioterapeuta

Natália Martins - A fisioterapeuta no Hospital Distrital do Pombal, Portugal, começou a investigar os benefícios do Sling devido à sua aplicação no tratamento da displasia de desenvolvimento do quadril, um defeito na articulação do quadril em que a cabeça do fêmur não se encontra corretamente colocada na respectiva cavidade.A postura que o sling proporciona ao bebê é ótima e indicada para o tratamento deste problema. De uma forma agradável e aconchegante contribui para a sua correção. A fisioterapeuta também frisa que os benefícios estendem-se também aos bebês que não têm este problema.Para a fisioterapeuta, o sling é o melhor meio de transporte para o bebê, sendo também benéfico para a mãe. Ela lembra que no período pós-parto, normalmente, a mãe tem dores nas costas devido à fraqueza dos músculos abdominais e à sobrecarga física causada pelos cuidados ao bebê e afirma que andar com o bebê no bebê- conforto só agrava a situação devido ao peso do conjunto e ao fato de provocar um desvio grande na coluna. Com o sling, a posição da mãe está correta porque o peso está equilibrado. Para o bebê também é melhor do que estar sempre sentado bebê-conforto. (matéria do mae-Portugal)
FONTE: www.mae.iol.pt

Antropólogo

Ashley Montagu - Para o antropólogo, bebês que são carregados por slings estendem significativamente a experiência do útero. É como se a gestação continuasse fora do ventre da mãe, proporcionando, assim, uma criança mais segura, calma, inteligente e com autoestima elevada.

Referências: BSBslings, Sling Seguro, Amor em Fios e Koladinho Sling